sábado, 23 de fevereiro de 2013

Peavey Wolfgang standard




 Guitarristas que curtem hard, heavy e derivados com certeza sabem que essa guitarra é um modelo já clássico, imortalizada por Edward Van halen. O nome do modelo veio do filho do guitarrista (hoje baixista do Van halen) e foi fabricada no meio dos 90's até 2004, pelo que li.

Instrumento super bem acabado, braço em birds eye maple e corpo em basswood denso (não é dessas guitas com peso de papel). O shape do braço é gordo (fritadores de ibanez podem se decepcionar com isso) e o raio de curvatura é de 15'', não é convencional. Os trastes são meio fininhos, eu sinceramente detesto trastes muito pequenos. Esse foi o motivo da vinda do cliente, inclusive. Os captadores são parafusados diretamente no corpo, não podendo alterar a altura que já vem setada de fábrica. E o timbre não tem jeito: ROCK!! Muito punch, o forte da guitarra é com drive ligado, sem duvidas.

O serviço feito nessa peavey foi a troca de trastes e inversão das posições da chave. Originalmente a posição da ponte é pra cima, estranho, né?. Como já foi dito os trastes originais eram muito pequenos e isso faz com que os dedos raspem facilmente na madeira da escala, aumentando o atrito e deixando o instrumento mais "duro" de tocar.

Escolhemos colocar inox jescar-jumbo, a idéia desses trastes combinava perfeitamente com o estilo do instrumento. Ficou outra coisa, não vi ainda alguém que colocasse os trastes inox que não tenha se assustado ao começar a tocar, hehehe.  Aqui vão algumas fotos, primeiramente antes do serviço e depois com os Jescar instalados:












                                      

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Richard Gere e suas lindas "ex mulheres"

O título da postagem é uma tentativa tosca de trocadilho com o ator americano que fez o famoso filme "Uma linda mulher"  e sua pequena coleção, de mais de 100 guitarras e violões, que hoje não são mais do senhor grisalho (que tantas das nossas mamães suspiraram vendo na telinha).

A notícia é antiga mas como eu nunca soube disso tenho certeza de que varios leitores do blog também não sabiam. Em 2011 o ator leiloou grandes raridades de sua coleção particular. Guitarras e violões de marcas como Martin, Gibson, Fender, Gretsch e Epiphone, além de vários amplificadores.

Uma das maiores preciosidades leiloadas foi uma Gibson flying v 1958 que pertenceu a Albert King. Também uma gibson les paul 1960 que saiu por 98.500,00 dólares e também um violão Martin d28 de 1931 leiloado por 62.500,00 dólares.

Além de rico, Richard gere mostrou ter bom gosto quando o assunto é instrumentos:






"Elas foram minhas amigas de verdade nos melhores e piores momentos. Jamais planejei reunir uma coleção. Simplesmente comprei as que eu gostava, as que soavam bem e tocavam bem", disse Gere em nota. "Algumas são muito especiais. Embora seja bem doloroso me desfazer delas, cada uma foi tocada, amada e apreciada - e voltará a ser."

Realmente imaginamos (nós viciados em instrumentos)  a dor da separação de instrumentos tão especiais, relíquias que contam um pouquinho da história da música. O dinheiro arrecadado foi destinado à obras humanitárias, segundo o ator.



sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

PRS Custom 22 - dando um grau

 Lindíssima guitarra do meu amigo Nilson. Fiz basicamente trocar os trastes, polir o hardware e dar uma melhorada em algumas regiões da lateral da escala em que o verniz estava trincado.

O verniz dessa guitarra é uma camada espessa, muito dura e quebradiça.  Ao reabrir os slots, por exemplo, podem aparecer leves trincadas e esbranquiçar na região envernizada por descolar da madeira. Era como estava a lateral em alguns slots mas, com paciência de monge, melhorei bastante com uma nova camada de verniz e polimento.

Instalei trastes jescar de aço inox e fiz um acabamento lateral dos trastes diferente dos que estavam antes. Os tangs não estavam bem cortados e os trastes sem o "crown", estavam alguns arredondados e outros meio chapados em cima.

E por fim estou finalizando a blindagem, já que mesmo sendo uma guitarra top de linha a blindagem de fábrica é bem fraca.

Regulei com a ação mais baixa possível (nessas guitarras o raio da escala é de 10'', então não dá pra deixar tão coladas as cordas) com leve alívio e coloquei cordas ernie ball 0.10

Só posso dizer que essa guitarra já era incrível e ficou melhor ainda, pegada ótima, super confortável e com acabamento do serviço anterior  melhorado.

Seguem as fotos, as duas primeiras são o "antes" e as seguintes o "depois"







quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Usando o volume na guitarra

Uma coisa que é super comum principalmente no meio dos guitarristas de sons mais pesados é a pouca - ou quase nula - utilização do pot de volume no instrumento  como recurso além de "ligar e desligar" o som do instrumento. Digo isso por mim mesmo que por tempos toquei heavy metal e temos que admitir que no estilo não se tem muita abertura pra experimentos sonoros. Se usa o pot de volume no 0 ou no 10, salvo raríssimas excessões.

Pedais de volume, amps com 2/3 canais, boosters, equalizadores paramétricos, pedaleiras com prests salvos... são coisas comuns que qualquer guitarrista ureia seca* hoje possui ou pelo menos tem conhecimento. Músicos das antigas tinham menos recursos do que os de hoje então tinham que se virar como podiam. Os caras usavam muitas vezes guitarra >cabo>amp e o amplificador com apenas um canal. Então você não tinha a facilidade de pisar num footswitch e trocar de sujo pro limpo.

Algumas considerações sobre os pots da sua guitarra:
São resistores ligados a um circuito passivo na maioria esmagadora das guitarras e baixos. Sendo assim você não pode aumentar nem volume  nem frequências, apenas cortar.

EUREKA! Posso com o  controle de volume da guitarra também limpar o sinal distorcido, cortando o sinal/volume de saída do instrumennto. Pode parecer bobagem falar isso pra muitos mas o que eu vejo de guitarristas, principalmente os menos experientes, se impressionando quando descobrem isso não tá no gibi.
Zakk wylde, Slash, Jimmy page, Hendrix e varios outros faziam e fazem isso constantemente.
Algumas dicas:

  1. Funciona melhor em distorção de amplificadores valvulados pela alta impedância de entrada do mesmo(me corrijam se tiver falado besteira) mas também rola em amps transistor, só não com a mesma qualidade;
  2. Limpa bem a saturação de alguns tipos de bons pedais de distorção e o mais clássico (varios guitarristas do 60's e 70's faziam isso toda hora) que é nos pedais clássicos de FUZZ. Um cara que faz isso muito bem é o Fred Andrade (músico excelente), quem puder dar uma sacada ele tem varios videos no youtube e ele usa esse recurso bastante;
  3. Captadores de alto ganho podem vir a dificultar limpar o som já que o sinal de saída do instrumento será mais alto;
  4. Um recurso que ajuda é a instalação do "treble bleed" que se trata de um micro circuito composto por um resistor em paralelo com um capacitor entre o "hot-in" e o "hot-out" do volume da guitarra. Serve pra quando você baixar o volume amenizar o corte das frequências altas e não ficar aquele som "velado". Faço esse serviço, é rápido, simples e não deixa cicatrizes :)  ;
  5. E o principal é a malandragem do músico! saber onde isso encaixa ou não na música e ter a dinâmica na pegada.
  6. Em les paul que tem volumes independentes você pode por exemplo deixar o volume do pickup do braço clean e deixar o da ponte 100% aberto... Faz dedilhado no do braço e só mudando a chave vem o distortion (adoro fazer isso, hohoho);

    Enfim, é algo difícil de escrever mas fácil de observar na prática. Caso possa esclarecer algo estou por aqui e no facebook.

    *Ureia seca aqui no Ceará é o mesmo que "beginner".

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Customizar: até aonde vale a pena?

    O hábito de customizar está no nosso dia a dia. É carro "tunado", por transfer na blusa, colocar cadarço verde limão no all-star (nada contra... muito menos a favor...). Creio que pra maioria das pessoas o significado da palavra "customizar" que vem logo à mente seria "adaptar". Mas achei interessante como sinônimo também "personificar" que seria algo como dar individualidade ao que se deseja, diferenciando de alguma forma.

    E falando de instrumentos, aonde isso se aplica?
  
Ao meu ver a própria indústria depois da criação dos grandes modelos standard na década de 50 (basicamente Gibson e Fender) passou a copiar os mesmos mas com algumas pequenas mudanças a fim de não se complicarem com as patentes (outros copiaram tudo na cara dura). É um captador diferente, um formato do headstock, uma curva a mais, o comprimento da escala diferente e por aí vai. Fica difícil saber até aonde as mudanças foram por fins realmente evolutivos  ou apenas para diferenciar as marcas mas o que importa é que muita coisa foi se diferenciando e de fato evoluindo.
   
    Mesmo assim o mercado consumidor é absurdamente grande e as pessoas no mundo capitalista sentem a necessidade de se diferenciar entre elas, mesmo que por detalhes. Instrumentos como guitarras/baixos são objetos de desejo(esposas de músicos sabem bem disso e adoram, pra não dizer o contrário)e muito pessoais então foi natural o hábito de colocar a própria cara, até por que são instrumentos que possibilitam facilmente mudanças.

    No visual de uma guitarra se pode modificar a pintura (sólida, translucida, sunburst...) cor do escudo, dos knobs... E apareceu ainda a onda "relic" que seria dar uma cara de muitos anos de surra na estrada mesmo numa guitarra nova.

    Estruturalmente se pode mudar shape do corpo, da pegada do braço, raio de curvatura da escala, medida dos trastes, tipo de captador, tarrachas com trava. As possibilidades de combinações são enormes.

  E vale a pena?

   Essa é uma resposta difícil de dar por que é uma opinião que leva em conta varias variáveis, cada caso deve-se pensar. Geralmente não é muito comum fazer mudanças em instrumentos caros, top de linha. Não digo que por que não dá pra fazer mas sim pelo valor financeiro que numa futura venda pode fazer diferença e dependendo da customização, para menos. Pintar uma John Suhr, por exemplo não é um trabalho pra qualquer um e se for algo mal feito pode-se fazer o instrumento perder alguns mil reais. Colocar um floyd numa  Gibson (chega dói meu coração) pode fazer você passar o resto da sua vida com sua guitarra ou ter a sorte de encontrar outro louco, hehehe. Mas algumas mudanças são para melhor funcionamento e outras totalmente reversíveis.

   Um instrumento barato também tem suas  questões. Uma troca de trastes chega facilmente ao valor de um instrumento de iniciantes, por exemplo. Às vezes acontece de chegar um cliente dizendo "quero trocar os trastes, pintar o corpo, botar captador tal e blindar a guitarra, qto fica?" eu: "ok, fica X reais." cliente:" ave maria! dá pra comprar duas novas!" eu:" é verdade, por isso é melhor você pensar se não seria mais interessante comprar uma mais próxima do que você procura ou apenas fazermos o mais urgente". Já outros mesmo sabendo disso investem o que for preciso.

   Resumindo, caso não tenha um bom conhecimento pergunte a opinião do seu luthier sobre o seu instrumento: se pode perder valor de mercado caso seja um instrumento caro, se está com um bom funcionamento (principalmente o braço, pra mim é a parte crítica), se tem boa estrutura pra receber as modificações e - principalmente - se o que imagina atingir condiz com a realidade. Mas quase sempre tem algo que se pode melhorar e muitas vezes até se gastando bem pouco.

   Uma dica pra visualizar  uma mudança na sua guita, criar um modelo personalizado ou só passar um tempo brincando é esse site:  http://www.nymphusa.com/tele/yswtct-kisekae-e.asp#Kisekae%20VIM%20System
Só tome cuidado pra não perder um dia todo brincando com isso por que já aconteceu comigo...

Grande abraço!

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Les Paul Yamaha Studio Lord 650


     Saudações e muito bom dia, guitarristas, baixistas, taxistas e surfistas!
    Já estou começando a me familiarizar melhor com esse negócio de Blogger, acho que vai começar a ficar decente aqui.
    Enfim, hoje vou mostrar um trabalho que fiz a poucos dias em uma guitarra Yamaha do começo dos 80's, trata-se de uma Studio lord-650, uma das top de linha dessa época. Essa guitarra sinceramente não perde pra velhas gibson custom em termos de contrução e timbre. Eu sou realmente fã de instrumentos japoneses de décadas passadas, em breve vou escrever algo sobre algumas marcas. Pois bem, esse instrumento me pertence e eu como um bom ferreiro (a história do espeto de pau, todo mundo sabe...) passei tempos ensaiando uma recauchutada na velhinha mas sempre deixava pra depois.
    Criei ânimo e fiz uma retífica  na escala que estava com alguns altos e baixos, tirei varios buracos deixados na troca de trastes anterior (como é que tira um buraco?!? se tira faz um maior, né não? mistérios da fé..) que por sinal estava bem a desejar.
   Por final instalei trastes inox Jescar jumbo. Só quem trabalha com isso sabe a trabalheira, ainda mais em instrumentos com "binding"¹ que precisa se retirar as pontas dos "tangs"². Isso em traste inox é como você quebrar casca de nozes com a ponta dos dedos mas o resultado vale a pena. E como disse meu amigo Luis Cesar ao tocar a guitarra com esses trastes: "parece que passou manteiga!". A sensação é essa mesmo, fica super macio de tocar, bends e vibratos ficam mamão com açucar! Você não vai mais precisar de pedal de Whammy, vai fazer bends de 2 oitavas! (nem tanto, nem tanto) A mudança além da tocabilidade é na durabilidade e no visual, trastes sempre brilhando feito a espada de Dom Pedro.  E a sequência de fotos do serviço, não sou bom em fotos nem tenho uma boa máquina mas dá pra ter idéia da qualidade do trabalho:
   











   

1: "binding" é o friso lateral que pode ser no braço ou no corpo do instrumento;
2: "tang" é a base ou trilho do traste que entra na madeira;

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Começando:

       Bom dia, apreciadores da música e das suas ferramentas de execução!

       Vamos inaugurar o blog com um assunto polêmico entre músicos e luthiers: escalopamento.

     Um resumo simples do que seria escalopar uma guitarra é criar sulcos entre os trastes, cavando a madeira da escala assim diminuindo consideravelmente ou até mesmo eliminando o atrito dos dedos com a madeira.
Muita gente acha desnecessário, outros acham que pode danificar o braço (e realmente é possível em alguns casos) e outros só tocam com guitarras assim. 

    Polêmicas à parte, não é muito comum esse serviço em guitarras do modelo Les Paul mas alguns guitarristas não tem muito problema em personalizar modelos tradicionalmente "imaculados" pra se adaptar à sua pegada. Antes de mais nada recomendo antes da decisão pedir a opinião de seu luthier de confiança.
    Assim escolheu o guitarrista e camarada Davi Fernandes e escalopei a segunda oitava de sua Condor CLP2 (por sinal um instrumento excelente) e dei um trato nos trastes, regulagem e hidratação da escala. Esse serviço não é nem fácil e nem rápido de se fazer se considerando um acabamento profissional: